Prefeituras de cidades do Pará e Santa Catarina acusam a empreiteira de não ter cumprido metas em obras de saneamento

Muito dinheiro desviado para pagar propina devia ter sido usado para garantir água limpa e rede de esgoto. Mas os pagamentos para políticos adiaram obras para melhorar a vida da população.

O Pará é um dos cinco estados com os piores índices de saneamento básico. De acordo com o Ministério das Cidades, até 2015 apenas 47% das casas tinham água tratada e a coleta de esgoto não chegava a 5%.

Nos últimos anos, dez municípios do sudeste paraense decidiram fazer parcerias com a iniciativa privada, que assumiu os serviços de saneamento. A empresa escolhida foi a Odebrecht.

Na cidade de Redenção a Odebrecht é responsável pelo abastecimento de água por poços artesianos. A dona de casa Benta Souza disse que o motor que bombeia a água para o bairro dela vive dando problema.

Bom Dia Brasil: – Quanto tempo a senhora já chegou a ficar sem água aqui?
Benta Souza:- Às vezes uma semana, dois, três dias, que é quando eles não vêm ligar, a caixa fica só fazendo aquele barulho, como que está seca, né?

Moradores também reclamam da qualidade da água.

”Eu fui parar no hospital e lá diagnosticaram que era bactéria da água. Aí, passei a consumir água mineral”, disse a dona de casa Rafaela Custódio.

A prefeitura de Redenção disse que a Odebrecht não cumpriu as metas de construir uma estação de tratamento e ampliar a rede de água até 2016.

Em Curionópolis, a prefeitura diz que a Odebrecht não vai atingir as metas de levar água tratada a todos os moradores e coletar 40% do esgoto, até o fim deste ano.

Os projetos de saneamento da Odebrecht no Pará foram citados nas delações de dois ex-executivos da empresa para a Lava Jato. Fernando Reis e Mário Amaro disseram que a Odebrecht pagou R$ 1,5 milhão, via caixa 2, para a campanha de Helder Barbalho, do PMDB – atual Ministro da Integração Nacional – ao governo do Pará em 2014.

O senador Paulo Rocha, do PT, também teria se beneficiado do esquema.

Segundo os delatores, a Odebrecht teria pedido apoio aos políticos para melhorar as relações da empresa com a companhia de saneamento do estado do Pará.

Os projetos de saneamento da Odebrecht no Pará foram citados nas delações de dois ex-executivos da empresa para a Lava Jato. Fernando Reis e Mário Amaro disseram que a Odebrecht pagou R$ 1,5 milhão, via caixa 2, para a campanha de Helder Barbalho, do PMDB – atual Ministro da Integração Nacional – ao governo do Pará em 2014.

O senador Paulo Rocha, do PT, também teria se beneficiado do esquema.

Segundo os delatores, a Odebrecht teria pedido apoio aos políticos para melhorar as relações da empresa com a companhia de saneamento do estado do Pará.

Os contratos de saneamento da Odebrecht em Blumenau, Santa Catarina, chegam a R$ 300 milhões. Mas a empresa cobrou da prefeitura um aditivo de R$ 118 milhões para ampliar a rede de esgoto. Uma das medidas para bancar esse valor foi aumentar em 18% a conta de água.

Na delação da Odebrecht, o diretor da Divisão Sul da empresa, Paulo Roberto Welzel, disse que a empreiteira doou R$ 500 mil, também via caixa 2, a três candidatos à prefeitura de Blumenau em 2012: Jean Kuhlmann, do PSD, e Ana Paula Lima, do PT, hoje deputados estaduais, e Napoleão Bernardes, do PSDB, atual prefeito de Blumenau. Os pagamentos serviriam para ampliar os serviços da Odebrecht em Blumenau.

Helder Barbalho e Paulo Rocha negaram ilegalidade na campanha de 2014 e disseram que os recursos foram registrados na Justiça Eleitoral.

A prefeitura de Redenção disse que vai tentar melhorar os serviços para a população.

A de Curionópolis disse que pediu que a Odebrecht fornecesse as informações técnicas sobre a água.

Jean Kuhlmann declarou que jamais tratou de campanhas com a Odebrecht.

Ana Paula Lima disse que as doações para sua campanha em 2012 foram declaradas.

E Napoleão Bernardes negou ter defendido interesses empreiteira.